Como Emagrecer um Bebê e Criar um Mini-McGyver

6 02 2009
Gu-gu, dá-dá, o caralho!

Gu-gu, dá-dá, o caralho!

Crianças rolando rumo à obesidade infantil preocupam governos e comunidades católicas. Adolescentes acumulam gordura lateral, formando uma borda de panetona na cintura. Com essa crise, há quem sugira a troca de calças sociais para saias masculinas e femininas, com as bundas abundantes formando um visual meio abajour de linho e algodão.

Com medo desse futuro tenebroso, aqui em casa decidimos pelo corte de glicose e custos. Minha irmá, após a gravidez, resolveu engordar. Saiu do modelo foca direto para o tubarão-baleia, tornando-se o primeiro caso de Pokémon que evolui de mamífero para peixe.

Como se trata de um caso perdido, resolvi, ao menos, tentar salvar meu sobrinho ruivo e já gordinho. Afinal, ter cabelo vermelho já lhe daria apelidos suficientes até o colegial, coisa que sei por experiência própria. Distraí minha irmã com algumas “tetas de nega” e “morangos de Atibaia” e resgatei o bebê.

Para uma dieta rápida e eficaz, cortamos a amamentação. Agora, leite de peito apenas a cada dois dias. No intervalo, muita água. Como exercício físico, soltamos o nosso poodle-assassino-devorador-de-crianças. A seleção natural acelerou o processo e hoje a criança já sabe andar, correr e ameaçar o cachorro com um revólver.

Para desenvolver as habilidades desse pequeno McGyver, troquei os brinquedos de montar e as surpresas do McLanche Feliz que eu costumo chamar de presente por artigos realmente úteis, como tesouras, facas e estiletes. Foi uma alegria vê-lo recortar suas roupinhas tamanho GG para algo perto do P. Acho que um novo Hertchcovich acaba de nascer.

Hoje, Ícaro, o bebê, já está perto do peso ideal e estamos considerando voltar a alimentá-lo com sólidos. Como dica, sugiro refeições a base de Tic-Tac e pó de Tang. Bom, quanto à minha irmã, essa é um caso perdido. Compramos uma poltrona sob medida, com o telefone de um lado e o controle-remoto do outro para que ela possa pedir delivery e ter entretenimento sem sair do lugar. Vejo que no futuro ela irá ingressar para a Liga das Senhoras Católicas e roubar merenda de criancinhas inocentes.





Sobre Como Quase Perdi um Bebe

7 01 2009

 

Ooops, I've dropped my baby

Ooops, I've dropped my baby

 

Sabe aqueles filmes em que o pai se disfarca de babá para ficar mais perto dos filhos? Ou em que um policia vira babysitter pra salvar uma família? Aqueles onde a mocinha recebe estranhos telefonemas durante seu trabalho, mas se esquece de checar as criancas? Pois bem, todos eles sao melhores babás do que eu.

Nao é que nao goste de criancas. Tudo bem que tenho vontade de chutar pequenos bebados que andam em zigue-zague no shopping e suas maes com as maos ocupadas com sacolas da Renner, mas tudo isso é superado quando olho nos olhos do meu sobrinho.

Antes de ele chegar por aqui, eu era o mais ruivo da família e, sabe, até meus olhos eram mais claros. Estranho ver que uma criatura tao pequena, de apenas 1 ano, ja tem quase o mesmo peso que eu. Mesmo assim, nos damos bem, temos uma convivencia pacífica e ja decidi que meu filho será albino para chamar mais atencao do que ele.

Minha irma, dona da crianca, resolveu ir cuidar dos cabelos maltratados pela maternidade e péssimo gosto por penteados. Como eu estava com minhas pernas magrelas para o ar, coube a mim observar o bebe por algumas horas.

Sempre fui do tipo de cara que se voce me der tres tartarugas para cuidar, uma foge, a outra engravida e a terceira faz uma tatuagem. Mas cuidar daquele pequeno ser vermelho parecia fácil. Nao ha segredo. Bebes nao fogem. Pelo menos, nao sozinhos e ninguem rouba criancas de fraldas sujas.

Eu olhando ele, ele me olhando e o DVD do Cocoricó bombando na TV. Icaro me observava com tédio, com as maozinhas fechadas como se sua primeira oracao fosse para que Deus lhe desse um tio menos chato e pobre.

Dessa forma, resolvi dois problemas. Com um bebe no colo, cachorro na coleira e iPod nos ouvidos, fui passear e fazer amizades, pagando de bom pai e confiável. Afinal, quem tem cachorro nao tem medo de compromisso, certo? Eu me sentia um Zé Bob, com menos cabelo e maior amor por Donatella Versace do que Claudia Raia.

Lembra do comeco, quando citei os filmes? Entao, nessa hora, voce ja sabe o que ira acontecer. Aqui, tudo fica tenso:

Um gato (animal) passou e meu cachorro latiu, disparando atrás do felino. Tentei acompanhar, mas nao consegui e tive que deixar o Johnny sair correndo.

Meu fone do iPod caiu, o bebe chorava no meu colo e meu cachorro se perdia no horizonte do Tatuapé. Num impulso, encontrei um transeunte qualquer, um estranho, que passava por ali e pedi a ele que segurasse meu sobrinho por alguns minutos.

Saí correndo e recuperei meu cachorro, que mijava num canteiro do supermercado, em protesto ao meu esquecimento de alimentá-lo naquele dia. Feliz, orgulhoso pela minha breve corridinha rápida e suado, eu vibrava com o resgate de Johnny! 

Continuei a levar o cachorro a passear quando, num tropeco, deixo cair o iPod e grito: “Ooops, I’ve dropped my baby“. Assim, em ingles, sem mais nem menos. Baby….bebe…Icaro, meu sobrinho, meu Deus! Eu esqueci do meu sobrinho. Ja imaginei minha irma dando entrevistas a Sonia Abrao, eu sendo linxado em praca publica, me perguntando que tipo de praca nao é publica.

Voltei ao local inicial do crime e estava la, o estranho, brincando com o ruivo alegremente. Ao me ver retornar, fechou a cara. Despediu-se do bebe e me entregou a contragosto e eu voltei pra casa. Ok, serei um péssimo pai, mas um ótimo dono de cachorros, falaí?!  Robin Williams manja nada.